Jogos Olímpicos chegam ao fim e Brasil agora é o centro do esporte


Londres, após sediar sua terceira Olimpíada, deixa grandes ensinamentos de como se organizar um evento desta magnitude.

Foram 19 dias do espetáculo olímpico que domingo chegou ao fim. A partir de agora, as atenções do mundo esportivo se deslocam da Inglaterra para o Brasil. E Londres, após sediar sua terceira Olimpíada, deixa grandes ensinamentos de como se organizar um evento desta magnitude. Outra conclusão destes Jogos é que o esporte brasileiro necessita de muito investimento. Excluindo o futebol, o vôlei e, em alguma medida, a natação e o judô, a maioria de nossos atletas olímpicos segue sendo formada por abnegados que lutam contra todo tipo de dificuldade pra chegar ao topo.

A capital inglesa sobrou em organização. Dos equipamentos olímpicos ao transporte, passando pela segurança pública e pela simpatia contida dos bem humorados britânicos, a Olimpíada de Londres 2012 foi um sucesso – apesar dos problemas na venda dos ingressos e lugares vazios em algumas competições. Os estádios e locais de competições receberam o público com conforto, a extensa rede de metrô, ônibus e trens levou torcedores, atletas e o londrino trabalhador aos seus destinos com pontualidade, e a segurança foi impecável.
 Em Londres e na maior parte das ruas europeias, pode-se circular com tranquilidade, sem medo de ser assaltado ou sofrer outro tipo de violência. O que é uma coisa básica por aqui é um dos grandes desafios do Brasil não só para abrigar a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016, mas para dar qualidade de vida aos brasileiros. A polícia londrina, por exemplo, ‘visitou’ os batedores de carteira fichados e avisou: estamos de olho. Do pequeno detalhe ao grande problema do risco de um ataque terrorista, foram tomadas providências. Mísseis antiaéreos foram instalados nos terraços dos prédios na região do Parque Olímpico.



No transporte, testes de multidão foram realizados antes do início dos Jogos e ninguém deixou de chegar onde queria. Pistas exclusivas para atletas e organizadores geraram protestos de taxistas e motoristas, mas evitaram atrasos em competições, como ocorreu em Atlanta 1996. Mas, se por um lado os britânicos dão exemplo de organização, faltou contaminar as ruas com o espírito olímpico e, porque não, festivo. Esse, não há dúvida, é um dos grandes trunfos do Brasil para 2016.

Em termos esportivos, surpresas e decepções para os brasileiros. A judoca Sarah Menezes provou que não é necessário treinar nos grandes centros para alcançar o alto nível. Levou o ouro para o Piauí e seguirá em Teresina para defender o título. O ginasta Arthur Zanetti chegou sem a badalação dos colegas Hypólito e Daiane dos Santos e pintou de ouro as argolas de Londres depois de treinar durante toda a sua carreira com as argolas que o pai marceneiro fabricava. A superação da boxeadora Adriana Araújo deu a única medalha baiana. O bronze do desabafo contra a Confederação de Boxe, que a obrigou a deixar seu técnico e Salvador para treinar com a seleção em São Paulo, orgulhou o estado.

Sem apoio - Enquanto a medalhista foi obrigada a deixar a Bahia, os outros baianos foram quase convidados a buscar outros ares. Exemplo do herói olímpico Ricardo, do vôlei de praia, que, apesar de suas três medalhas, nunca recebeu o apoio necessário para continuar em Salvador. Está há 14 anos em João Pessoa.

O futebol decepcionou com a prata, novamente, mesma cor de medalha que propiciou um dos momentos mais emocionantes dos Jogos: o choro contido de Emanuel, que sofria por não saber se terá forças para chegar ao Rio 2016 depois de perder o ouro no vôlei de praia ao lado de Alison. E para fechar, a garra das meninas do vôlei, que com muita superação e amor à camisa, saíram de últimas classificadas na primeira fase para o bicampeonato. Assim encerramos nossa cobertura aqui de Londres, terra exemplar na organização. Agora, está em nossas mãos. Até 2016.

Comentários