População alega insegurança ao usar transporte clandestino na capital

Com a greve dos rodoviários iniciada à 0h da última quarta-feira (23), a Agência Reguladora do Estado (Agerba) determinou a suspensão da fiscalização dos transportes clandestinos em todo o estado da Bahia enquanto durar a paralisação. A medida, segundo o diretor-executivo do órgão, Eduardo Pessoa, tem o objetivo de beneficiar a população que utiliza ônibus e não tem outra maneira de se locomover. Em Salvador, os usuários do transporte clandestino têm sofrido com vans lotadas e com insegurança nos veículos. O vigilante Francisco Alves, por exemplo, diz utilizar o meio com medo. “Ontem [quinta-feira] peguei uma van pra ir embora, quebrou três vezes no caminho. O pior era o cheiro de gás dentro do carro, é muito perigoso”, contou, antes de interromper a conversa para tentar entrar em um veículo que se aproximava em meio ao trânsito lento da Avenida Tancredo Neves. No entanto, desistiu porque a van estava de porta aberta por conta da lotação. A superlotação é apontada como um dos transtornos pela vendedora Carolina Melo, de 25 anos. “Eu pego porque não tem opção, mas tenho muito medo de acidentes, demora passar e quando chega está muito cheio, não tem lugar”, afirmou. Ela também diz ter desconfiança sobre a responsabilidade do condutor. “Ninguém sabe se tem habilitação, se é seguro”, avaliou. Adriana Barbosa, atendente de caixa, é enfática ao destacar o medo de acidentes: “Muito, muito medo. Soube de um acidente em Itapoã, outro no Costa Azul, sem contar o risco de assalto”. De acordo dados da Superintendência Municipal de Trânsito e Transporte (Transalvador), até as 19h desta sexta-feira (25) foram registrados seis acidentes com seis feridos, mas nenhum envolveu transporte clandestino. A Central de Polícia (Centel) diz não ter recebido nenhuma ocorrência causada por acidentes de veículos clandestinos durante o dia. Entre os ouvidos pela reportagem, houve quem criticasse a não liberação do transporte complementar em dias normais. O marceneiro Fernando Vasconcelos, 56, atacou os governos municipal e estadual. “Eu gostaria de saber por que a prefeitura e o Estado não investem nestas pessoas. Deveriam liberar o pessoal pra trabalhar. O mesmo risco que a gente tem de andar nestes informais, existe nos regulares”, argumentou. Em meio aos transtornos, há quem seja criterioso na hora de escolher o automóvel. “Não pego qualquer um, minha preferência é por vans que aparentem bom estado de conservação”, avaliou o montador Jackson Mota, de 35 anos. A nossa reportagem flagrou um motorista de um Fusca, no ponto de ônibus do Campo Santo, sentido Centro, a convocar passageiros. "Três reais, Campo grande, Center Lapa, quem vai? Vagas para três pessoas", gritava em meio à chuva fina.

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